Quem somos


O processo da Reforma Psiquiátrica brasileira produziu transformações profundas na forma de lidar com a loucura, na execução das políticas públicas de saúde mental no olhar sobre o habitar a cidade. A  perspectiva antimanicomial consiste em uma afirmação radical da liberdade, da cidadania e na rejeição dos estigmas da loucura e da periculosidade como mecanismos de destituição da cidadania. Sua ética pauta-se em substituir a lógica da segregação por uma lógica do cuidado em liberdade, do reconhecer a loucura como uma dimensão do humano, e na afirmação radical do convívio e do habitar a cidade como produtoras de saúde e de direitos. Essas mudanças produzem a aceitação da loucura e do conviver com a diferença no ambiente da cidade, e implicam em transformações culturais significativas sobre como a cidade se organiza e derruba seus muros e mecanismos de enclausuramento.

Entretanto, a lógica manicomial se expressa, com respaldo da lei, em instituições de custódia - como hospitais de custódia, medidas socioeducativas em meio fechado e prisões -, que se configuram como instituições totais que executam medidas restritivas de liberdade determinadas por processos judiciais. Estas instituições operam com base no signo da periculosidade e do risco, que justifica o enclausuramento, e da transgressão e do crime, que justifica o exercício da punição.

O Coletivo Desencadeia se propõe a visibilizar e colocar em análise os mecanismos das ações de segregação, enclausuramento e punição naturalizados e legitimados socialmente, e desencadear
ações que operem pela afirmação de uma perspectiva do cuidado e da liberdade,
desenvolvendo dispositivos de descontrução desses mecanismos.

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